Mercado de Produção Global OLA promove cooperação entre teatros e companhias independentes

Utilizando metodologias de laboratórios de inovação, o Mercado Global de Produção realizado pela primeira vez na 16ª Conferência Anual da Ópera Latinoamérica, permite que teatros de diversos portes e companhias de ópera compartilhem projetos artísticos que possam circular ou ser desenvolvidos de forma colaborativa. “As companhias de ópera têm um papel fundamental, pois são organizações que podem gerar mais inovação e experimentação em suas propostas”, diz Alejandra Martí, diretora executiva da Ópera Latinoamérica.
Por meio de grupos de trabalho formados por diferentes teatros e companhias de ópera e apresentações persuasivas de no máximo cinco minutos, o Mercado Global de Produção estreou na 16ª Conferência Anual da Ópera Latinoamérica (OLA), realizada entre os dias 17 e 21 de maio em Manaus, Brasil . Foi uma instância que possibilitou o compartilhamento de projetos artísticos específicos, de diversos portes, que pudessem se concretizar de forma colaborativa.
“A OLA promove a circulação e a coprodução desde que foi fundada em 2007 e este ano conseguimos, de forma muito mais concreta, estabelecer pontes que fomentem uma maior cooperação. Isso se deveu a dois fatores: primeiro, porque a crise causada pela pandemia revelou o quão virtuoso e necessário é o networking e, segundo, porque a forma de estabelecer esses vínculos e confiança foi mais eficaz.” analisa Alejandra Martí, diretora executiva da Ópera Latinoamérica .
“Se as produções circulam, os artistas circulam e se os artistas circulam, nossos teatros se enriquecem.” — Augusto Techera, coordenador geral de Produção Artística do Teatro Colón de Buenos Aires
Em uma primeira instância, foram formados três grupos formados por teatros e companhias, onde futuros projetos artísticos que poderiam ser coproduzidos, alugados e vendidos eram compartilhados. “Acho que o Mercado de Produção Global foi um sucesso; projetos muito interessantes podem surgir daí”, disse Josep Cerdà, diretor do Teatre Principal em Palma, Mallorca, Espanha.
Nesta linha, Augusto Techera, coordenador geral de Produção Artística do Teatro Colón de Buenos Aires, aponta que “se as produções circulam, circulam os artistas e se os artistas circulam, nossos teatros se enriquecem. Foi dado um passo, ainda incipiente, para promover a circulação de produções e trabalhos comuns de diferentes realidades”.
A segunda atividade foi um marketplace, que teve dez apresentações de no máximo 5 minutos de pitch, conduzidas principalmente por empresas independentes. “A possibilidade de oferecer projetos e ser ouvido, e de conhecer os projetos de outros, traduz-se imediatamente no estabelecimento de contatos que levam a convites, abrindo a possibilidade de criar novos projetos –como coproduções– e tornar o gênero crescer. Desta forma, a conferência torna-se também uma espécie de feira de programadores, o que é muito necessário”, afirma Francisco Sánchez, artista, gestor cultural e diretor da companhia Tryo Teatro Banda, que participou nesta iniciativa.
Também se apresentaram no Global Production Market, entre outros, Aldo Brizzi do Núcleo Ópera da Bahia, que falou sobre a ópera-canção Amor Azul de Gilberto Gil e outros projetos; Pedro Salazar, da La Compañía Estable de Colombia, que apresentou as produções operísticas disponíveis para circulação; e Josep Cerdà do Teatre Principal de Palma, que também apresentou espetáculos disponíveis para circulação e projetos para quem procura co-produtores.
“As empresas são organizacionalmente mais leves, portanto, têm mais flexibilidade, podem correr mais riscos e têm outras formas de se relacionar com o público, muitas vezes mais próximas. Então colocamos essa realidade em diálogo com a de teatros de diferentes dimensões. Integramos organizações de pequeno, médio e grande porte em uma conversa articulada, proveitosa, positiva e acho que isso só agrega”, diz Martí, que antecipa que já estão revendo como aperfeiçoar essa dinâmica para ocasiões futuras.